quarta-feira, 30 de abril de 2008

D E P O I M E N T O S

Foto: © Daniel De Granville, 2006


Se você já participou de alguma viagem a ambientes naturais com enfoque científico, deixe aqui seus comentários! Pode ser uma excursão da sua escola, um programa familiar, um passeio com pesquisadores, uma saída ornitológica. Obrigado!
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O N D E   I R

Foto: © Daniel De Granville, 2007



Os projetos geralmente desenvolvem atividades de turismo científico nas pousadas pantaneiras onde estão situadas suas bases de pesquisa, em programas vendidos por meio de operadoras de turismo com experiência no segmento.

Os trabalhos de campo podem incluir o manejo e monitoramento de ninhos artificiais e naturais de aves, monitoramento de filhotes, observações comportamentais, monitoramento de onças através de radiotelemetria, instalação de armadilhas fotográficas para mamíferos, modelagem de pegadas de animais com gesso, busca ativa por presas atacadas pelas onças e outras atividades.


Algumas opções de destinos são:



Refúgio Ecológico Caiman
Inaugurado em 1987, é um dos pioneiros em turismo no Pantanal. Atualmente abriga as bases dos projetos Arara Azul e Onça Pintada, apoiando também o Projeto Papagaio-verdadeiro. Os hóspedes participam das atividades tradicionais pela região, já inclusos nas diárias, e têm a opção de acompanhar pesquisadores de alguns destes projetos em suas atividades de campo, a um custo aparte cujo valor é revertido para os mesmos. A participação em cada projeto segue um calendário temático mês a mês (setembro = papagaios, outubro = onças, novembro = araras-azuis). Além das saídas a campo, os projetos mantém centros de interpretação ambiental e lojas cujas vendas também auxiliam na manutenção das pesquisas. A Caiman oferece ainda programas para observação de aves com profissionais especializados.




Fazenda San Francisco
Busca a conciliação entre turismo, agropecuária e pesquisa científica. O Projeto Gadonça foi iniciado nesta propriedade, onde atualmente localiza-se sua base. A Fazenda vem adquirindo fama, em boa parte através da divulgação boca-a-boca, como um dos lugares do Pantanal onde há mais chances de se observar onças-pintadas. Além da atividade regular de passeios, que inclui observação de aves, os visitantes podem realizar saídas de monitoramento com os pesquisadores do Projeto, participar de palestras e adquirir produtos como forma de apoiar a continuidade das pesquisas.




Fazenda Rio Negro
Uma das fazendas mais tradicionais da região, fundada em 1895. Ficou conhecida inicialmente pelo fato de lá terem sido gravadas as cenas da novela Pantanal (1990), da extinta Rede Manchete, que foi um grande fomento ao turismo na região. Adquirida em 1999 pela entidade ambientalista Conservação Internacional, passou a priorizar o turismo científico como principal objetivo operacional. Foi na Rio Negro que iniciaram-se os trabalhos de campo do Instituto Earthwatch.




Pousada Araraúna
Originalmente uma base avançada da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp), hoje continua investindo principalmente na pesquisa científica. Estudantes universitários e professores da Uniderp realizam estudos acadêmicos na propriedade, bem como os participantes dos programas do Instituto Earthwatch e do Projeto Arara Azul.




Pousada Aguapé
A área onde hoje se situa a Pousada pertence à mesma família há mais de 150 anos, tendo iniciado as atividades com turismo a partir de 1989, conciliando-o com práticas tradicionais como a pecuária extensiva. Fica às margens do rio Aquidauana e possui, além da programação regular de passeios, atividades de observação de aves. Participa do Projeto Arara Azul e é a pousada escolhida pelo NCSU Sci-Link para desenvolver suas atividades de turismo científico com enfoque educacional no Pantanal.




Pousada Xaraés Ecoturismo
Situada na região do Pantanal do Abobral, próximo à Estrada Parque Pantanal Sul, desde 2001 pertence a um grupo de empresários portugueses que buscam a harmonia entre desenvolvimento econômico - através da pecuária - e conservação ambiental por meio do ecoturismo. Oferece passeios regulares pela região a cavalo, barco, caminhadas e safáris fotográficos, e desde 2007 tem recebido com frequência grupos de visitantes trazidos pelo Projeto Arara Azul especificamente para participar das atividades científicas com os pesquisadores.



Perguntas? Comentários? Se você observou alguma informação incompleta/incorreta, ou ainda souber de outros locais que pratiquem turismo científico e não tenham sido contemplados na lista acima, por favor envie um recado!

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P R O J E T O S

Foto: © Daniel De Granville, 2004


Um dos pioneiros a realizar turismo científico no Brasil, sendo a instituição mais conhecida no país a desenvolver esta atividade, é o Projeto TAMAR. Através de pesquisas científicas e ações de conscientização ambiental junto a turistas e comunidades tradicionais, o TAMAR protege cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem em nossas praias. Dez de suas 22 bases de pesquisa ao longo do litoral possuem centros de visitantes que recebem cerca de 1,5 milhão de turistas por ano. Uma das atividades mais apreciadas pelos participantes são as saídas noturnas para ajudar os pesquisadores durante as desovas de tartarugas na areia, a um custo de aproximadamente R$ 60 por pessoa.


Na região do Pantanal, os seguintes projetos se destacam na realização de turismo científico:




Projeto Arara Azul
Idealizado pela bióloga Neiva Guedes, pesquisa a biologia e relações ecológicas da arara-azul-grande, Anodorhynchus hyacinthinus, realiza o manejo e promove a conservação da espécie em seu ambiente natural, além de estudar outras espécies que co-habitam com a arara azul no Pantanal, caso das araras vermelhas, tucanos, gaviões, corujas e patos-do-mato. A área de estudo cobre mais de 400 mil hectares no Pantanal, principalmente em Mato Grosso do Sul. Neste projeto, o turista pode acompanhar os pesquisadores em campo no monitoramento dos ninhos de araras e outras atividades, dependendo do período do ano e prioridades da equipe.



Projeto Gadonça
Projeto ambiental de caráter científico, conservacionista e educacional, cujo objetivo principal é estudar a interação entre grandes predadores carnívoros silvestres e animais domésticos na região do Pantanal de Mato Grosso do Sul. Sob comando dos biólogos Fernando Cesar Cascelli de Azevedo e Ricardo Luís da Costa, é parte do Instituto Pró-Carnívoros e conta com o apoio Institucional do Centro Nacional de Pesquisa para Conservação dos Predadores Naturais, CENAP/IBAMA. O Projeto desenvolve atividades de pesquisa, manejo, turismo científico e treinamento de estudantes e profissionais da área ambiental. A programação oferecida aos turistas inclui palestras e saídas a campo com os pesquisadores para rastreamento das onças, além de atividades como a busca por presas atacadas por estes felinos, em dois programas distintos: o "Turismo Científico" e o "Ecovoluntários".



Projeto Onça Pintada
Apresenta similaridades com o Gadonça, sendo mais focado em estudar uma única espécie de felino. A missão é promover a conservação da espécie, de suas presas naturais e habitats, bem como sua coexistência pacífica com o homem. A gestão do projeto está a cargo do Fundo para a Conservação da Onça Pintada ("Jaguar Conservation Fund"). Entre corpo técnico e administrativo, o projeto envolve diretamente mais de 40 pessoas, além de auxiliares nas áreas onde as pesquisas são desenvolvidas. A programação de campo para turistas depende da disponibilidade dos pesquisadores, sendo necessário consultar previamente.



Earthwatch Institute
Não se trata exatamente de um projeto de pesquisa. O Instituto Earthwatch, sediado nos Estados Unidos, promove expedições ao Pantanal com pessoas do mundo todo interessadas em participar ativamente de pesquisas científicas durante um período de aproximadamente duas semanas. As viagens ao Pantanal são lideradas por pesquisadores de instituições brasileiras que coordenam as atividades, garantindo o rigor científico do trabalho. Como a grande maioria do público é composta por estrangeiros, as atividades geralmente são desenvolvidas em inglês, mas também há grupos especiais em português. Em 2008, os estudos podem ser realizados com répteis, anfíbios, morcegos e ariranhas.



NCSU Sci-Link
Vinculado à Universidade Estadual da Carolina do Norte (NCSU – EUA), o projeto dedica-se especialmente à educação para a ciência, com ênfase na área ambiental, conectando cientistas, educadores e estudantes. Promove eventos e viagens com educadores formais e não-formais, com o objetivo de vivenciarem experiências científicas para depois as aplicarem em sala de aula, traduzindo os resultados de pesquisas em conteúdo e práticas educacionais. Anualmente, em parceria com o Instituto Sangari, o NCSU Sci-Link promove expedições ao Pantanal e Bonito com educadores dos Estados Unidos.



Projeto papagaio-verdadeiro
Tem como objetivo gerar informações sobre a biologia e ecologia do papagaio-verdadeiro, Amazona aestiva, que possam auxiliar na tomada de decisão sobre a conservação da espécie e dos ambientes onde vive. Começou em 1997 por iniciativa da zootecnista Gláucia Seixas, que acabou desenvolvendo sua especialização, mestrado e atualmente doutorado em Ecologia e Conservação, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sobre estas aves. O Projeto procura ainda atentar para outro aspecto: a criação de papagaios como animais de estimação no Brasil, atividade profundamente enraizada à cultura popular. As saídas a campo com turistas podem envolver atividades como monitoramento de ninhos e busca por indivíduos da espécie equipados com transmissores que permitem seu rastreamento remoto.


COMO PARTICIPAR DOS PROJETOS
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Perguntas? Comentários? Se você observou alguma informação incompleta/incorreta, ou ainda souber de outros projetos de turismo científico que não tenham sido contemplados na lista acima, por favor envie um recado!
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I N T R O D U Ç Ã O

Foto: © Daniel De Granville, 2007


Em um sentido mais amplo, o termo “turismo” engloba atividades que as pessoas realizam durante suas viagens em lugares distintos dos que vivem, com fins de lazer, negócios e outros (adaptado da definição adotada pela Organização Mundial de Turismo, OMT).

Este conceito mais abrangente da atividade turística pode ser subdividido em várias vertentes, como turismo de negócios, cultural, de compras, de eventos, esportivo e ecoturismo (que engloba atividades de mínimo impacto desenvolvidas em ambientes naturais), dentre outras.

É importante ressaltar que: a) estas estão longe de ser as únicas modalidades de turismo existentes; b) cada uma destas vertentes subdivide-se em categorias específicas; c) às vezes elas se confundem e se misturam; d) a conceituação varia bastante de autor para autor.

Especificamente sobre o Turismo Científico, não há nem mesmo uma conceituação oficial para distingui-lo de outras formas de turismo. Dino Xavier Zammataro, biólogo que especializou-se na operação de programas com cunho científico, podendo ser considerado um dos grandes conhecedores do assunto no Brasil, define a modalidade da seguinte maneira: "visitação de um destino com o objetivo de realizar observações e coletar dados válidos passíveis de utilização em atividades e trabalhos com rigor científico, podendo estes serem publicados pelo próprio turista ou por pesquisadores".

Neste blog será dada ênfase ao turismo científico voltado para estudos realizados junto à natureza – sendo considerado por nós, portanto, como uma vertente do ecoturismo. Mais especificamente, vamos falar sobre atividades científicas desenvolvidas na região do Pantanal, no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul, onde o autor viveu e trabalhou por 13 anos.

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